quarta-feira, 2 de outubro de 2013

94


    Entrevista com 

      Ricardo Nabais      




Associação «Transcudânia»

Pela Valorização do Património Histórico 
e Natural do Concelho do Sabugal

O nosso entrevistado de hoje é Ricardo Nabais, jovem engenheiro florestal, natural do Casteleiro, é presidente da Direcção da Transcudânia (“Associação para a Valorização do Património Histórico e Natural do Concelho do Sabugal”, com sede no Casteleiro - aceder por aqui e aqui). É técnico na Associação Transumância e Natureza, com sede em Figueira de Castelo Rodrigo (ver aqui aqui). No meio de todas estas frentes de trabalho, Ricardo Nabais ainda acumula com a direcção do Núcleo da Guarda da Quercus.
Multifacetado como é, em linha média posso resumir que, «grosso modo», passa os seus dias a cuidar do Planeta, de várias formas e feitios mas sempre em defesa de causas ambientais e correlacionadas. Um dos projectos que concebeu, o Gesterra - gestão de terrenos abandonados -, foi distinguido com um prémio de empreendedorismo na Guarda.
Daí à criação de uma empresa do ramo foi um passo: nasceu o projecto empresarial Rotas & Raízes, apresentado aqui.
Vamos então à conversa.
  


Transcudânia: há quase oito anos

Ricardo Nabais, como é esta tarefa de, durante os três nos que agora terminam, presidir a uma associação, a Transcudânia, que se propõe valorizar o Património Histórico e Natural do Concelho do Sabugal?
A Associação Transcudânia pretende valorizar e divulgar o nosso concelho. De facto, o concelho precisa de uma intervenção conjunta e urgente que promova e convide visitantes, fixe habitantes jovens e crie condições de atrair novos residentes. Gostava de dispor de mais tempo para dedicar à Associação e ao trabalho que temos pela frente, mas não tem sido fácil: somos poucos e todos temos actividades profissionais distintas. Vamos fazendo o que é possível. Mas há muito a fazer.

A Transcudânia foi criada em 2006 por iniciativa de jovens do concelho do Sabugal. Mas os primeiros anos não foram fáceis. E hoje, as coisas vão melhor?
Melhor, não sei até que ponto… O número de sócios aumentou, a intervenção da Transcudânia vai sendo reconhecida no concelho… Este ano conseguimos realizar mais uma edição do Festival Iberfolk. A maior dificuldade é a pouca disponibilidade dos jovens e de pessoas que se interessem em dinamizar a Associação e o concelho. Nos dias de hoje, em que cada vez temos mais obrigações e encargos profissionais, torna-se mais complicado dispor do tempo necessário para que qualquer associação funcione somente com voluntários.

Quais são os vossos principais objectivos hoje?
Dinamizar o património histórico, cultural e natural do concelho e divulgar o concelho em eventos de índole nacional e internacional. No momento em que preparamos esta entrevista, temos agendadas duas actividades, uma a realizar a 6 de Outubro, no âmbito do Fim de Semana Europeu de Observação de Aves, que decorrerá na Serra da Malcata e iremos também fazer as tradicionais Rondas de S. Martinho.
Pretendemos de facto, valorizar as potencialidades locais e regionais.

Registemos: tem havido apoios

Têm apoios, recebem incentivos de algumas entidades?
Sim. Como disse, este ano realizámos mais uma edição do Festival de Música Iberfolk, que foi apoiado, entre outras entidades, pela Câmara Municipal do Sabugal, termas do Cró, Viúva Monteiro, e Irmão, Lda e Junta de Freguesia de Sortelha – que também nos tem apoiado, sempre que solicitamos colaboração.

Com que entidades mantêm parcerias?
Temos parcerias com a ATN – Associação Transumância, que gere a primeira reserva natural privada, a Reserva da Faia Brava, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, a Biodiversity All, a Casa do Castelo do Sabugal (enquanto funcionou), o Fórum Florestal - Estrutura Federativa da Floresta Portuguesa e a Confraria Cão Serra da Estrela – isto, entre outras entidades, com que estão a ser estudadas as formas de colaboração.

Em que ponto está a vossa ambição de criarem uma rede de circuitos de turismo ambiental?
Falta o tempo para desenvolver este e outros projetos. Mas temos uma petição em conjunto com as juntas de freguesia envolventes da Serra da Malcata para que as casas dos guardas florestais sejam abertas e possam ser utilizadas pelas juntas, associações e mesmo empresas de animação turística, trazendo assim visitantes e dinamizando atividades na Serra da Malcata, que tem potencial que não está a ser utilizado.



Jovens e emigrantes são prioridade

Para a Transcudânia, a promoção que querem fazer sobre o Concelho tem em vista que públicos-alvo?
Tem em vista, em primeiro lugar, os jovens do concelho, procurando ajudar a criar condições para que possam se manter por cá; temos também como público-alvo, jovens e adultos que venham visitar o concelho e descobrir os encantos e potencialidades da nossa Região, para que possam voltar e trazer os amigos e a família, como tem vindo acontecer com o programa da Ciência Viva no verão.

Também consideram alvo prioritário os emigrantes e os residentes em zonas de grandes migrações internas como Lisboa e arredores?
Sim, claro que sim. Durante os meses de maior visita de imigrantes, no Verão, temos vindo a realizar os Passeios Ciência Viva, com visitas à Reserva da Malcata, à Serra dos Fóios e aos castelos do concelho.
Durante o ano, nas actividades que realizamos, temos sempre a participação de vários conterrâneos residentes fora do concelho, mas que continuam a vir participar em datas especiais.

Ao que sabemos, é vossa intenção apoiar a criação de empresas locais, já que as consideram como património social. A que tipo de empresas se referem? E, uma vez que apoiam a organização autónoma dos jovens, são prioritárias para a Transcudânia as empresas de jovens empreendedores? Que apoios lhes podem facultar?
A todo o tipo de empresas, a nossa ajuda é ao nível de partilha de conhecimentos sobre como criar uma empresa. Colaboramos também na divulgação da empresa, criamos uma rede de troca de ideias e ajuda entre empreendedores, através da página no facebook e no blog ‘Raia Empreendedora’ – ver aqui e aqui.



  
Projectos na área da Formação, também

A Associação tem projectos também, como anunciam no vosso ‘site’, em matéria de colaboração com as autarquias e associações locais na formação de activos e desempregados. Tem acontecido algo nesta frente difícil, sobretudo nas actuais condições da economia?
No início, a associação teve alguma formação nesta área em parceria com várias entidades. Nos dias de hoje, não é qualquer entidade que pode dar formação. Para a formação ter validade e ser credenciada tem de ser ministrada por entidades certificadas pela DGERT. A associação não o é e ainda não reúne nem as condições financeiras nem os recursos humanos necessários para se certificar. É uma área pela qual pretendemos enveredar, mas para isso ainda temos de crescer e investir muito.

O voluntariado é a base deste tipo de associações em todo o País. Numa zona algo deprimida e muito sujeita aos fenómenos da desertificação, como a nossa, este objectivo tem tido sucesso? O que pedem aos voluntários? Como faria para aliciar os nossos leitores?
Conforme já tive oportunidade de referir em questões anteriores, não tem sido fácil. A Associação tem poucas pessoas a “trabalhar”. Quando temos eventos de maior complexidade, aí, sim, pedimos ajuda e temos tido jovens voluntários a colaborar connosco. A única coisa que pedimos aos voluntários é que procurem fazer mais pelo nosso concelho, que sejam activos e que criem dinâmicas que activem o concelho e o tornem atractivo para os que estão e para o que nos visitam.

O que poderá seguir-se nos próximos tempos em matéria de actividades específicas da Transcudânia?
Os próximos tempos serão de arrumar a casa e preparar uma nova lista para as eleições que se avizinham, em janeiro de 2014.
Enquanto isso, iremos dar continuidade às atividades que já organizamos regularmente e recuperar outras, através de tradições ou costumes existentes no concelho (que se tenham perdido), realizando algo em volta dessa temática.
Pretendemos também colaborar ainda mais com os parceiros que já temos em alguns projetos específicos que possam ser alargados e implementados no nosso concelho.




Sem comentários:

Enviar um comentário